quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Ronaldinho e o Novo Grêmio
Foi extremamente comentado nos ultimos dias o assunto Ronaldinho voltando ao Olímpico. E não é por menos. Era o retorno do talvez maior jogador de futebol que o RS ja produziu à sua ex-casa. Até aí tudo bem.
O problema foi o depois do jogo. Nada contra os 40 mil torcedores que foram no estádio mais interessados em protestar do que torcer para o Grêmio. Eu também queria estar lá, pois de certa forma me sinto traído, como todos. Mas não traído por agora, e sim desde a saída dele para o PSG, da maneira que foi.
Mesmo sendo contra seu retorno, por um momento, meio que sonhador, achei que podia ser uma boa. Para os dois. Mas esse momento durou até começarem todas enrolações e ouvir de fontes seguras ainda em Dezembro, de que ele iria pro Flamengo. Estava ali a maior prova de todas que Ronaldinho não era torcedor do Grêmio. Ronaldinho é Dinheiro Futebol Clube dos pés a cabeça.
Mas voltando ao pós-jogo. O que vi, me assustou. Minha pagina do Facebook, meus contatos no MSN, tudo me assustava. Uma chuva de mensagens e postagens das mais criativas possiveis. Mas todas no mesmo tom. Exaltando a vitória e a "vingança" sobre Ronaldinho. A comemoração exagerada, quase como um título. Ouvi buzinas nas ruas, cantorias pela calçada. Posts dizendo que o ano estava ganho, que aquele jogo valeu por tudo.
Me desculpem esses gremistas. Mas sou do tempo que o ano estava ganho quando venciamos uma Copa do Brasil, levantavamos um Libertadores, conquistavamos o Brasileirão. Quando havia um jogo que valia por todos do ano, era alguma semi-final ou final de uma competição importante. Isso me fez pensar no que o Grêmio se transformou. E não só o clube, mas também sua torcida (ou grande parte dela).
Esse "novo" Grêmio e sua torcida adoram uma grife. Pagavam pau pro Carlos Alberto, amam o Gabriel, lotaram aeroporto pra receber Miralles. Até hoje lamentam a saída do Renato, Deus maior da torcida, aquele mesmo que ao autografar uma camiseta do Grêmio falou "agora sim ela vale alguma coisa". A mesma torcida que anda apreensiva com a novela Kleber, outro jogador de grife.
Sou do tempo que aqui chegavam jogadores desconhecidos, desprestigiados e se transformavam. Que faziam a imprensa do centro do país se perguntar o que tinha o Grêmio de tão especial em recuperar jogadores. Hoje o clube e a torcida querem tudo pronto. Lembro como se fosse ontem a excitação da torcida na chegada de Borges, Leandro e Hugo, o trio que veio do São Paulo para dar títulos ao Grêmio. Grife.
Borges esse que claramente estava de corpo mole esse ano, insatisfeito, quase forçando uma saída. Mas a torcida insiste em lamentar sua saída.
Ele tem grife né?
Sem contar a história do "imortal" constantemente falado pelo presidente Odone e que a torcida realmente comprou a idéia. Imortal gente, só o Highlander e mesmo assim numa obra de ficção. O que traz titulos é trabalho, seriedade, organização, planejamento. Nada é ao acaso.
Esse novo Grêmio e sua torcida me envergonham. Nem tudo que é novo é necessariamente bom e melhor né? Ou você que está lendo esse post prefere o novo Orkut, o novo Twitter, o novo Facebook? Entre tantas outras coisas novas, que nem sempre ficam melhores que o velho.
Isso não é nenhum desabafo. É só uma constatação.
Um abraço do Wagner, torcedor do Grêmio e com muitas saudades do "velho" Grêmio.
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